sábado, 6 de março de 2021

Redenção

 e de repente ela veio

e com ela a redenção.

a loucura e humilhação

uma impotência feroz,

diante da ignorância do mundo comum

fora da bolha

do lado de lá do vidro

além das moedas contadas

além dos dedos gelados

a Redenção veio

na dor

que posso

impor.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

irreconhecível

irreconhecível

desfigurado,
não conheço mais ninguém...
tudo bem.
desconfigurado,
desplugado do politicamente correto.
sou achincalhado,
estou nú
escrevo o que sinto
ou escrevo o que penso?
descrevo.
ninguém que saber o que passa,
ninguém assume os próprios defeitos,
pois a verdade é um espelho muito grande,
e os espelhos machucam a vaidade.
isso aqui é uma golfada,
só isso.
sigo anônimo
observando o desfile infeliz,
de conhecidos
irreconhecíveis,
reflexos meus.


sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

o lobo entre as ovelhas

o lobo entre as ovelhas

ninguém gosta de mim
e tudo bem
no fundo, quando ninguém vê
também não gosto de ninguém.
escondo minha loucura
nos personagens que criei
e torço pelo fim do mundo
enquanto abro a janela de manhã.
eu bebo café frio e sinto dor
mas ela não me incomoda mais.
é assim
eu sinto a raiva
uma raiva que nem sei
pelos outros
e além.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

o casal no café

o casal no café

Entre um beijo e outro
e um pouco de café
o amor não entendido
sutilmente aprendido
trocando olhares
um homem, uma mulher.
o céu, lilás em desespero
um carinho no cabelo
merengue na colher.
para o amor
o anoitecer
para o casal
sem perceber
eu faço um verso
sem rima
pois o amor é uma neblina
nuvens escuras sem chover

domingo, 3 de abril de 2016

incompreendido

incompreendido

esse poema,
não é para palmas,
não é para ouvidos.
para dondocas senhoras,
com talco nas rugas
e flores nos vestidos.
esse poema é um naco de qualquer coisa,
um bólido,
um grito.
façamos um pacto,
vocês não entendem,
eu não me importo.
no final, aplaudam,
eu agradeço.
e continuemos
mentindo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

xeque mate

xeque mate

deu tudo errado pra alguém
o mundo não acabou,
eu não morri.
meu olhar cortante
ainda está aqui.
esperando o Natal,
escrevendo pra ninguém,
implorando por nada,
pelo ano que vem.
uma coisa é certa,
mais alguém se deu mal,
deu empate,
constato,
bebendo Tang de abacaxi
na minha caneca xadrez,
xeque
mate.

sábado, 11 de julho de 2015

um poema sujo

um poema sujo

eu tenho tanto nojo,
dessa poesia de jardim,
que serve pra tanta gente,
e que não está em mim.
que fala de flor,
de estrela e de caramujo,
e de cocô de caramujo...
CHEGA!!!
EU QUERO UM POEMA SUJO.
por favor.